A FRANCOFONIA EM MOÇAMBIQUE


Sexta feira, 18 de Março foi o dia escolhido pela Escola Francesa de Maputo para celebrar a Francofonia. Durante esta semana muitos serão os eventos por toda a cidade que ligam todos os países de língua francesa com poiso em Moçambique.


Mas nós, os lusófonos, falhámos na festa dos francófonos. Porquê? Passo a explicar.  

A Escola Francesa engalanou-se com bancadas de gente que fala francês. As bandeiras estavam hasteadas, a cultura à mostra e os sabores à nossa disposição. Mas os outros, aqueles cujos filhos frequentam a dita escola mas cuja língua materna não é a francesa, também foram convidados a apresentar o seu país e a sua cultura. Doze foram os países em destaque.  França, Brasil, Palestina, Venezuela, Colombia, Tunísia, Egipto, Moçambique, Irlanda, Camarões, Suíça e Canadá. E falhou Portugal. 

Com muita pena minha e alguma incredibilidade pude constatar que o meu Portugal tinha sido esquecido. Nunca imaginei que as múltiplas famílias portuguesas que habitam há muito esta terra, e que todos os dias pisam o solo daquela instituição, se tenham escusado a apresentar à francofonia os nossos atributos. Foi com um sentimento de frustração que presenciei à mostra dos produtos e sabores originais dos outros países. Se tivesse imaginado! Teria sido eu a mostrar aos outros a minha cultura. Numa próxima oportunidade, não falharei.

Bom, mas as bancas dos outros estavam lá para serem descobertas e assim iniciei o meu percurso de turista. A primeira banca era a da casa. A França apresentou os seus famosos queijos, os vinhos, os perfumes e alguma informação da sua terra tricolor. A música que saía das colunas era francesa e dava à escola um ambiente verdadeiramente francofono.
Banca de França
O Brasil foi a segunda banca visitada. Havia bolo de Fubá para provar e muita informação para ler, mostrando um Brasil não só de praia e de futebol, mas também de amazonas. 

Ao lado, a surpresa: Palestina.  Depois de observar atentamente a muita informação exposta nas paredes, fui convidada a experimentar "feuilles de vigne farcies". Massa de arroz envolta em folha verde. Um sabor curioso....

Ao lado, a sempre simpática Venezuela que se aliou à Colômbia. Bandeiras armadas, senhoras vestidas a rigor, fotografias na parede e comes e bebes para provar. "Arepas", bolinhas de pão com queijo e fiambre, "panelitas" uma espécie de rebuçado feito de coco, leite e açúcar e a "Chicha de arroz" e a "Chicha de caña de açucar", licores deliciosos. A banana assada também lá estava. Tudo muito bom.

Depois a Tunisia. Vi estar a preparar uma massa escura chamada "Hénné". Segundo percebi é uma massa feita de uma folha de árvore cuja utilização é muito versátil. Podem fazer-se pinturas, beber-se em chá mas também serve como anti bacteriano entre outras aplicações.
Massa Hénné
Seguiu-se o Egipto. Provei uma espécie de hóstia com sementes, mas por muito que me esforçasse em questionar o que comia, o representante escolhido só me disse que levava manteiga, leite, iogurte e farinha. A comunicação foi impossível. E a sua unha grande e suja a bater no meu pão, não foi dos melhores incentivos. Enfim....

A Irlanda não passava despercebida. Por cima de uma grande tela pintada apareciam as bandeirinhas verdes, brancas e laranjas. Foi-me proposto degustar um pão escuro com queijo e doce. A mistura é interessante. Ao longo da manhã a representante brindou-nos com algumas músicas irlandesas tocadas numa flauta. Diferente. 
Banca da Irlanda
Seguiram-se os Camarões. Um grande peixe grelhado fez as delícias dos presentes, mais a galinha assada e a banana frita. As capulanas também enfeitavam juntamente com a bandeira bem armada. A representante também estava vestida a rigor com cores vivas.

Ao lado, Moçambique. Devidamente vestidas com as capulanas, as dignas representantes ensinavam os segredos da sua culinária.  "Tindziva" é um fruto silvestre um pouco amargo. "Micate" é uma massa feita de farinha de arroz e coco que vai a cozer numa folha de bananeira. Os amendoins mais a castanha de caju ladeavam com o coco e a farinha de mandioca. A famosa cerveja moçambicana lá estava a marcar a sua presença.
Banca de Moçambique
Tindziva
Micate
Seguiu-se a Suíça. O maior "stand" tinha de tudo. Um enorme canivete suíço fazia as honras. Chocolates, bandeirinhas, chapéus, canetas, postais, livros, marcas originárias e já conhecidas, todas estavam expostas para ver e conhecer. Mas a grande atracção foi o "foundue de queijo" feito in loco. Esta foi sem dúvida a banca com mais movimento.

Banca da Suíça
Por último, o Canadá. Aprendemos que é um mosaico cultural e que o seu "creme d'erable" é mesmo muito doce. O hóquei foi uma diversão para as crianças.

Licor d'Erable
Terminada a ronda quiz o destino que me deparasse com um tabuleiro de "Buuz", uma especialidade da Mongólia, semelhante às nossas empadas mas cuja massa se apresenta crua, e depois é recheada com carne picada de Búfalo. É bom.

Os alunos espanhóis apesar de não terem banca tiveram a iniciativa de organizar um jogo de nome "Quizz" onde se perguntavam curiosidades espanholas. Quem superasse as expectativas, seria premiado.

A festa também foi para os mais pequenos, que se mostraram muito interessados com as novidades apresentadas. É de pequeno que se cria este interesse pela cultura mundial. Parabéns aos professores.

Os mais pequenos na banca de Moçambique
Quase no final da festa houve tempo para um prémio. Estando presente o Sr. Embaixador Francês, foi anunciado o vencedor de um ditado em língua francesa. A grande vencedora foi uma aluna do CE2 chamada Camille (francesa). O prémio, um excelente dicionário de Francês La Rousse. Parabéns.

E pronto, terminada a festa foi o regresso a casa com muita frustração no coração, pois se há país que tem cultura para apresentar e para divulgar, é o meu Portugal.

CSD

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