REPÚBLICA DE CUBA - VALLE DE VIÑALES

HAVANA - VIÑALES

Uma pérola no mar do Caribe que há muito havia vontade de visitar. Encontrámos o momento, fizemos a mala e abalámos para a República de Cuba com Viñales, Varadero, Cayo Blanco, Cienfuegos, Trinidad, Santa Clara, Topes de Collantes e Havana na ementa de umas férias desejadas. Vamos por partes. 

Camilo Cienfuegos e a Plaza de La Revolucion

Aproveitando os climas trocados, saímos em Janeiro, num voo directo da Iberojet. Fomos à procura de aragens mais quentes que as que se faziam sentir na Europa e de uma dose substancial de vitamina D. O voo é longo mas o encolher das horas facilita um pouco os sintomas inerentes à mudança de fuso horário. Menos 5 horas que na capital madrileña. O drama está sempre no regresso a casa!

Chegámos já noite cerrada ao aeroporto internacional José Martí. Um aeroporto abafado e muito movimentado para aquela hora da noite. Para grande surpresa nossa deparámo-nos com controlos obrigatórios à saída. Cansados e já sem grande paciência, suportámos longas filas num "despe e descalça e mostra" sem razão aparente. Encarei-o como um aviso a todos os que chegam à terra de Fidel: ali as regras são outras e ... mandam os que lá estão! 

Por estradas escuras e pouco movimentadas, tivemos os primeiros ares de um país diferente. O amanhecer revelaria outras surpresas na Terra dos Taínos. 

Havana

Segundo reza a história, os Taínos foram indígenas pré-colombianos que habitaram o Caribe. Foram também os primeiros habitantes de Cuba desde o quarto milénio a.C até à colonização espanhola no século XV. Isso e muito mais haveria para desbravar. Começaríamos por Valle de Viñales.

A visita a Viñales e Pinar Del Rio estava préviamente agendada. Deixámos Havana pelas 8h30 numa excursão em mini autocarro da empresa estatal Gaviota, sob a orientação do nosso guia Rolando, em direção às montanhas da Serra do Rosário. Numa velocidade cruzeiro de 90 k/h, com uma condução sempre à esquerda para evitar os buracos da direita, lá nos fomos aproximando do destino final. 

Carros antigos. Um sonho americano presente em Cuba

A paisagem é monótona. Ao longo das duas horas de viagem fomo-nos surpreendendo com a frota automóvel que tal como nós, deabulava pelas "carreteras" cubanas. Definitivamente não há limite para a imaginação humana no que respeita ao tunning cubano! Carros coloridos e já pré historicos, sem janelas ou portas, com o volante preso com fios ou cabos, fita-cola a segurar espelhos e faróis, ferrugem em lugar da pintura, tudo se cruzou no nosso caminho. Haja imaginação e ... muita fé! Fé também tinham as dezenas de pessoas que, à beira da estrada e empunhando um maço de pesos cubanos, aguardavam uma qualquer boleia. As notas simbolizavam a credibilidade e certeza de pagamento a quem se dignasse a parar. Muito estranho!  

Palmeiras diversas, àguias planando num reconhecimento territorial perfeito e habitações rurais que, em lugar de janelas de vidro, tinham ripas de madeira seca, foram também a nossa companhia. Os sinais da última devastação provocada pelo furacão Ian no passado mês de Outubro, ainda estavam bem presentes na paisagem à chegada a Pinar Del Rio.

Finalmente a primeira paragem no Mirador de Valle de Viñales. Declarado pela UNESCO Património Natural da Humanidade em 1999 este local estratégico para turistas além da vista magnifica para a Sierra de los Órganos que a natureza nos proporciona, também está preparado para refrescar as gargantas de quem ali decide parar. E o cubano aproveita: 240 pesos cubanos por cada Pina Colada é puxadote, mas vale pelo conjunto e pela circunstância.

Miradouro do Valle de Viñales

Hotel Los Jazmines - Valle de Viñales

Miradouro de Valle de Viñales

Seguimos viagem para a Villa de Viñales. É uma vila pitoresca, cheia de povo, comércio e casas coloridas, carregada de testemunhos arquitetonicos da época colonial. Esta cidade pitoresca destaca-se pelo seu ambiente cultural e pela natureza que a envolve. Declarada Monumento Nacional em 1979, está longe de receber turismo de massas, o que a preserva e estima.  

Villa de Viñales

Com o aproximar do fim da manhã, eis que chegámos à Fábrica de Tabaco Macondo. Do alto dos seus 78 anos e fumando "Puros" desde os 13 anos de idade, D. Martin recebeu-nos com simpatia e muito conhecimento. Primeiramente, ofereceu-nos uma aula sobre a planta de folha Nicotiana e sobre o processo de secagem. Depois, lá fomos colocar a mão na massa, que é como quem diz, ver fazer puros! E fumar também! 

Fábrica Macondo

D. Martín e a confecção de charutos Montecristo nr 4.

A simplecidade do momento "Puro"

Inicialmente fabricados em Sevilha com tabaco cubano, foi em 1821 e obedecendo a um decreto do Rei espanhol Ferdinando VII que Cuba passou a fabricar os seus próprios charutos, sendo em 1840 o maior produtor de charutos do mundo. Os "Havanos" são charutos certificados de Pinar Del Rio, única região no mundo que reune as condições climaticas, as horas de luminosidade solar, a temperatura, a umidade e as condições do solo ideais para um bom charuto.  Afirma quem sabe que os dois heróis mais ilustres de Cuba não dispensavam um bom charuto cubano. Ernesto Che Guevara fumava Montecristo e Fidel Castro deliciava-se com Cohiba Esplendidos. Um bom "Havana" depende da escolha criteriosa das melhores folhas, do massajar e enrolar delicados como se de uma mulher se tratasse e da folha-capa perfeitamente lisa e brilhante. Só assim se libertam às primeiras puxadas os aromas delicados e muito sabor.  Quando cheirarem a baunilha, talvez eu experimente! 


D. Martin, os carismáticos líderes e o Puro.

Mas porque um "Puro" tem de estar bem acompanhado, passámos em seguida à ala do Café e do Rum. Com um jovem no comando dos ensinamentos, aprendemos curiosidades e tivemos a oportunidade de provar o verdadeiro Café puro cubano bem como o Rum de produção local. Sem forragem estomacal, impunha-se urgentemente um almoço para minimizar estragos!  

Café e Rum

El Palenque de los Cimarrones foi a opção escolhida após mais alguns quilometros de estrada. Um restaurante de teto de colmo protegido por montanha e arvoredo tipico do Valle de Viñales. Já com menú pré definido, alimentámos o corpo e a alma e descansamos as pernas. 

Restaurante El Palenque de los Cimarrones


Já reconfortados, seguimos o nosso guia para uma visita à Cueva del Indio em Guarapera, uma gruta indigena visitável desde 1920. 


Cueva del Índio


Cueva del Índio


Inundada pelo rio San Vicente, o percurso é feito de barco e nele podemos observar pinturas rupestres, formações de estalagtitis e estalagmites e alguns restos arqueologicos ainda visiveis da época pre-columbiana ou seja, dos Taínos. Um passeio refrescante num dia quente.  

Última paragem: Mural de la Prehistoria. São 120 metros de pinturas, desenhados por Leovigildo G. Morillo em 1961. Trabalhado durante 4 anos por 18 artistas, o mural simboliza a Teoria da Evolução através da representação das formas de vida que habitavam na zona na época dos Índios de Guatenabeyes. Um caracol gigante, dinossaurios e seres humanos podem ser hoje vistos na parte mais alta da serra de los Órganos, no magote Pita, junto ao Dos Hermanas e no Valle de Viñales. 


Mural de la Prehistoria


Mural de la Prehistoria

Parque envolvente ao Mural de la Prehistoria

E assim se fechou o primeiro dia de visita a esta Ilha descoberta por Cristóbal Colón em 1492 mas sempre de Martí, Cienfuegos, Che e Fidel. Segue-se Varadero e Cayo Blanco. 

CSD

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