A TOMADA AOS MEUS OLHOS
O dia "D" chegou.
O novo governo tomaria posse muito em breve. O momento era solene e de grande nervosismo para os catorze futuros. Elas, as duas futuras ministras de vestidos ou "taillers", eles, os futuros ministros de fato e gravata com menos ou mais classe. Em questões de moda, o corpo também tem a sua influência!! Mas este novo governo prima pela juventude e em associação, os corpinhos são ainda ligeiros e elegantes.
A azáfama era tremenda. Os reporters e jornalistas multiplicavam-se para obter as respostas mais tremidas, as emoções mais nervosas, as atitudes mais inseguras e as imagens mais cristalinas. A chegada ao Palácio da Ajuda e à sala dos Embaixadores, foi ainda sem fausto nem luxo. Nas suas viaturas particulares, nos carros de familiares e até na lambreta, foram entrando já com o sentido da responsabilidade no peito. Todos estavam a poucos minutos de fecharem as suas vidas privadas e abrirem as suas vidas públicas.
A cerimónia foi iniciada pelo Presidente da República, que num discurso sem ilusionismos, chamou à razão aquelas cabeças ainda jovens, sonhadoras e politicamente virgens. O momento era de glória, o futuro de trabalho. O sonho vivido hoje seria amanhã um pesadelo construtivo. Trabalho, seriedade, honestidade e humildade, precisam-se para que Portugal avance sem medos.
O nosso Primeiro também discursou. E na mesma onda prometeu trabalho, concertação e transparência. O exemplo será dado pela extinção de alguns lugares de utilidade duvidosa e ainda pela abdicação da sua subvenção vitalícia. Gota a gota se trava o desperdício.
E finalmente, com a voz carregada de emoção, os destinatários proclamaram as nobre e honestas palavras "Eu, abaixo assinado, afirmo solenemente pela minha honra que cumprirei com lealdade as funções que me são confiadas". Agora, é a valer!
À saída e após os bacalhaus da praxe, muitos foram os que se esquivaram a comentários e considerações. Outros, por manifesto estado de evasão, acederam a responder. "espero ter muita sorte", "olhe isso é o que vamos ver, mas faremos o nosso melhor", "estou desejoso por começar", "agora vou almoçar e depois começarei a trabalhar", deixem-me aterrar", foram as respostas daqueles que segurarão nas mãos, o futuro bizarro de Portugal. Já nos seus carros de estados, partiram para a uma nova vida. Também os demissionários lá estiveram e lá partiram, desta feita nos seus carros particulares, e todos eles com o sentimento de dever cumprido. Mal cumprido é certo, mas cumprido!
Nas traseiras do mediatismo, as famílias desdobravam-se em correrias e saltinhos e biquinhos de pés para verem e acenarem aos seus entes queridos, fornecendo-lhes a força e a coragem necessárias para um dia de glória. Os vizinhos, os amigos, os conhecidos também lá estavam. Todos espreitando conforme a brecha permitida, para testemunharem o vínculo à nação. No final alguma desilusão, por não terem conseguido chegar à fala com os agora famosos. Mas a alegria era muita. O orgulho ainda maior. De ilustres desconhecidos, os filhos, os irmãos, os primos, os amigos eram agora altos dignitários nacionais.
Os "Homens da Luta" também lá estiveram no seu registo peculiar. Gel e Falâncio pedem o absurdo e difícil. Das palavras não saem sons construtivos nem de esperança. O gozo é uma constante e as criticas são disparadas em todas as direcções. A arruaça é o seu modo de vida. Cada um tem o seu papel e nesta sociedade, há infelizmente lugar para todos!
Os "Homens da Luta" também lá estiveram no seu registo peculiar. Gel e Falâncio pedem o absurdo e difícil. Das palavras não saem sons construtivos nem de esperança. O gozo é uma constante e as criticas são disparadas em todas as direcções. A arruaça é o seu modo de vida. Cada um tem o seu papel e nesta sociedade, há infelizmente lugar para todos!
Opiniões, imensas. Incertezas e "des" e confianças ocuparam os noticiários durante os dias que se seguiram. A chamada de nomes mais ou menos conhecidos, a inexperiência de alguns, o tecnicismo de outros, fizeram parte das análises dos comentadores nacionais.
Que Deus ajude este novo Portugal.
CSD
Não estou tão confiante assim mas,acredito neste governo.
ResponderEliminarBeijinhos.
MATS