PAGAR PARA ELEGER

Já só faltam três dias.....Hiupiiiiii!!!!
Chegámos à recta final da campanha para as eleições. Já satura, já enerva, já enjoa. 

O mundo andava meio de esguelha há já algum tempo e Portugal completamente de pernas para o ar. Havia dinheiro para tudo, e se não houvesse, ía-se ao Totta! Todo o tuga, com estatuto ou não, com prestigio ou não, bronco ou não, podia ostentar o que de melhor a sociedade tinha para oferecer. Eles tinham grandes casas, deslocavam-se em grandes bombas e falavam nos telemóveis e ipodes e iphones e   ipads e brincavam com todos os touch existentes, e albardavam-se com as roupinhas com bichinhos das marcas, e viajavam todos os anos para os destinos mais paradisíacos na berra e tudo isto com o dinheiro das minhas poupanças. Ou acham que o banco empresta o quê? E se este dinheirinho emprestado não chegasse, pedia-se outro para pagar o primeiro. Tudo certo e a andar. O importante é sermos felizes!

Ora, esta-se mesmo a ver: a corda rebentou e como sempre, para o lado mais fraco. A crise que andava lá por fora, também cá chegou, pois apesar de estarmos neste jardim à beira mar plantado e quase fora da Europa, o mau chega cá sempre. E pronto, agora temos de ser governados por uns gajos estrangeiros que nos vão, a nós com 800 anos de história, ensinar a sermos mais modestos, mais poupadinhos e racionais. E à custa de quem? De nós mesmos. Este acordo com a Troíca vai-nos esmifrar até ao tutano! É para sabermos que, apesar de velhinhos, estamos sempre a aprender.

E estalou o verniz! Casa onde não há pão todos ralham e ninguém têm razão. Isto já é sabido e, se foi a moção ao governo apresentada pelo Bloco, ou a incompetência do próprio governo ou a oposição pouco construtiva, o certo é que lá foi o governo pra escanteio. E zangando-se as comadres, descobrem-se as verdades. Temos tido um lavar de roupa suja que até intoxica!

Ares de discórdia.

E lá partiram eles para o que mais gostam de fazer: campanha. Máquina de propaganda oleada, botão da acção premido e gargantas preparadas para achincalhar o mais possível. A vontade de tomar a dianteira era tal, que nem o dia de inicio foi respeitado. A campanha começou um dia antes. Com ela iniciaram-se os jogos e as jogadas de antecipação, de conquista, de má língua.

Num périplo supersónico, lá andam eles nos seus grandes carros com o ar condicionado ligadinho, a visitarem as populações esquecidas nos outros 364 dias do ano, a beijarem todas as mulheres com ou sem bigode, a visitarem todas as feiras e tascas e tavernas e a acenarem pelas ruas das cidades, vilas e aldeias a quem assiste à sua passagem.

Esta não tem bigode!

Que beijo apertadinho!

Chamam-se "arruadas" a estes aglomerados de populações vestidas a rigor que à conta de um saquito de merenda, uns bonés, uma bandeira e umas t-shirts, lá fizeram o favor de vir em excursão para terras desconhecidas. Se sabem ao que vêm, pouco interessa, pois o importante é terem sido convidadas a vir. Por coincidência até são do mesmo continente das filhas do outro! Assim como assim, sempre é um passeio à borla! E gostando ou não, todos querem ver estas figuras públicas de perto e se puderem, até dão uma palavrinha, pois com as câmaras em acção, eles não se podem recusar a escutar a voz do povo. O povo fica contente e eles acham que ganham mais um votito.

"Camarada, força nisso!"

"Temos de derrrotar esta política de direita"

Chegada a noite as "feras" revelam-se, e vai daí botam a boca no microfone e lá se insultam, se ofendem e se acusam, o que é muito elucidativo para o povo que quer saber alguma coisa!
Chamam-se à ribalta as grandes cabeças e figuras de destaque dentro do partido e, já chechés ou gagás, lá se galvanizam e se empolgam e soltam frases astutas entre placas dentárias coladas e perdigotos saltitantes, para conquistar as audiências. "Neste jogo infantil, vamos abrir o ovo da Páscoa, e sem andar à bulha, e sem escaramuças verbais, vamos comer e apelar ao voto inútil ou patético dos desiludidos". Ou dos indecisos, ou dos desapontados, ou dos inconsolados, ou dos indefinidos. Pouco interessa. O importante é apelar para "botar" a cruz e dar a maioria.

O voto dos "I" qualquer coisa!

Ora, nós que estamos longe, também fomos chamados a votar, pois nestes casos não há tugas de primeira e de segunda. Não! que o votinho dos que andam lá fora a lutar pela vida é tão importante como os que estão tesos no continente. E assim, lá chegou o aviso de recepção, que por coincidência, até chegou no mesmo dia que um programa de campanha de um grande partido candidato! Clamam pela poupança e depois gastam horrores em mailling para o estrangeiro. Và-se lá acreditar nas contingências orçamentais!

Bom, mas o dever cívico é para ser cumprido e lá fui levantar os envelopes aos CTT cá do sítio. Lidas "com toda a atenção" as instruções, foi feita a cruz em consciência num dos treze partidos apresentados. A desgraça é tamanha que até o número de partidos é o do azar! Boletim de voto inserido dentro do subscrito verde. No subscrito branco inserir o verde mais o comprovativo do recenseamento eleitoral. Escrever no branco o número de eleitor. Colar com seiva humana e não esquecer dos selos. Uff!
Estava pronta para seguir para os correios. Para que conste para a posteridade, este meu voto custou 2.09€, ou seja 92 meticais, que a multiplicar por dois, já dava para um bom mata bicho na pastelaria Nautilus!

E o que se conclui de tudo isto? NAAADA!

Isto está mau!

"Que Deus me valha!"

Não há ideias fortes, não há programas credíveis, só se conhecem as cabeças dos partidos, comentam-se os comentários dos comentadores, a campanha é suja e o povo vai andando ao sabor das sondagens que por uma incrível coincidência e pela primeira vez na história, dá exactamente a mesma percentagem aos dois maiores partidos!! Uma curiosidade manipulada, ou não?!
O porquê de ELES correrem assim para o sabido abismo e para uma governação que vai ser no mínimo sufocante, é que não entendo. Alguma coisa esperam ganhar para compensar a exposição pública,  pois a bondade e altruísmo da Madre Teresa já não existe nos tempos que correm!

Votar em consciência, precisa-se!

Uma coisa é certa: os Portugueses vão ser chamados às urnas no dia 5 de Junho, quando já sentem na pele a realidade e vão ter de decidir/escolher entre aqueles que mentiram melhor, deram mais esperanças e fizeram as promessas mais desejadas. Manter o mentiroso conhecido ou eleger um que mente diferente, é o desafio! É de futuro que falamos e a escolha é sua!

Vote bem.

CSD