PORTUGAL EM FESTA




10 de Junho.
O dia do nosso cantinho calhou numa sexta feira. Até nem calhou mal, pois as tardes das sextas desta terra são livres para alguns. 

Após divulgação cibernautica do evento pelo consulado e respectiva cônsul, tomámos consciência de que estava à vista uma festa de arromba. Dia 10 recepção, dia 11 festa na Escola Portuguesa de Moçambique.

No dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas não podia haver avareza e por isso convidou-se todo o bicho-careto! Eles eram tugas de coração, tugas de sangue, tugas de alma, tugas de simpatia e até tugas de oportunismo. Todos compareceram à hora marcada num dos locais mais "in" da cidade das acácias. Com mais formalismo ou mais parolice no vestir, foram entrando e de papo inchado foram cheirando os odores da nossa comida que, sumptuosamente exposta, aguçava as papilas gustativas de quem não resistia a olhar. 

Os hinos foram tocados em jeito de abertura cerimoniosa. Os discursos foram palrados com mais ou menos entusiasmo, o que se reflectiu na audiência. Nenhum dos oradores foi visto por aqueles que à porta estacionaram, tal a afluência que preenchia o recinto. Mil eram os convidados estimados. Que grande festança! Sem grande concentração ou entusiasmo ou respeito, o vizinho tornou-se mais importante que as palavras heróicas. Tal como na missa e na hora da paz, os beijos foram mais do que uma obrigação. Ora um ora dois, os perfumes foram-se misturando nas faces osculadas. O cumprimento à distância também foi uma constante. E o homem da pinga não teve mãos a medir. Finalmente os aplausos daqueles que perto do palanque se encontravam, deram indicação aos que nas costas estavam, de que as bocas se calariam e mordiscariam em breve. 

A qualidade foi indiscutível, mas a quantidade um exagero. Algumas das campânulas de bacalhau com natas ou stogonof ou arroz de pato ficaram invictas. Apesar de ninguém se fazer rogado e não haver espaço para cerimónias, o certo é que a fome não derrotou a fartura. As sobremesas estavam óptimas e consolaram todos os gostos. De chocolate, de ananás, de morango, de arroz, de pudim, todas estavam lá para regozijo dos mais gulosos.

E depois seguiu-se a conversa. Tempo houve para apresentações, para relatos, para perguntas, para gargalhadas, para discordâncias nos grupos que no recinto se iam formando. Tudo numa amena cavaqueira embalada pelo ruído de fundo das palavras dos outros, pelas imagens que na grande tela recordavam as belezas de Portugal e pela música tipicamente nacional. 

Na hora já adiantada, deixámos o recinto trazendo na alma mais Portugal. E no dia seguinte a festa continuaria.


11 de Junho
As portas da escola portuguesa abriram-se neste sábado para mais uma celebração nacional. A organização do Consulado de Portugal propunha um programa extenso, variado e cultural.

Aproveitando o fabuloso espaço da escola, a festa abriu os seus braços e recebeu quem compareceu à chamada. Entre exposições, ateliers de artesanato e pintura, havia um mundo para descobrir.

O cantinho das histórias para os mais novos.
Mais à frente as tendas da restauração foram surgindo, os odores espalhando e a malta mastigando as sardinhas, o frango, a entremeada, a feijoada, o caldo verde, o pastel de nata e tudo o mais que compõe a mesa daqueles que gostam de um bom manjar. Falhou o mangerico e as sempre típicas quadras versadas. As filas foram o único senão, mas a pressa não tem entrada nestes eventos.

Após o café, tempo havia para visitar o espaço, comprar os produtos à venda, ajudar as associações representadas, participar nas várias actividades desportivas, assistir a demonstrações de dança, escutar o grupo moçambicano, concorrer a prémios aliciantes e dar asas à arte.

Grupo Moçambicano
A Vista Alegre juntou-se a esta festa e fornecendo chávenas brancas, despertou a criatividade dos mais pequenos, que de pincel na mão, pintaram e embelezaram a porcelana nacional. Um júri decidirá o vencedor.
Chávena pintada pelo Afonso. O mais português possível! 
Os Galos de Barcelos também foram pintados, enchendo de cor este nosso Portugal a preto e branco. E a presença do humorista Herman José também veio, supostamente, alegrar a festa.
Galos de Barcelos pintados por crianças.
Em Junho o dia arrefece mais cedo, mas nem por isso os tugas abandonaram o espaço e a festa prolongou-se noite dentro.

VIVA PORTUGAL!

CSD 

Comentários

  1. Mais uma festa portuguesa e certamente mais uma lágrima no canto do olho...
    Parabéns ao Afonso pela bela chávena pintada.
    Beijocas.
    MATS

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