CHIDENGUELE – PROVÍNCIA DE GAZA
Por do Sol na Lagoa de Nhambavale |
O feriado do Dia da Paz e Reconciliação de 04 de Outubro de 2010, coladinho ao fim de semana, deu o mote para mais um passeio por Moçambique. O Acordo Geral de Paz, assinado em Roma em 1992 por Joaquim Chissano, Presidente de Moçambique, Afonso Dhlakama, Presidente da RENAMO e por representantes dos mediadores, pôs fim a 18 anos de guerra civil. A escolha para a escapadinha não foi fácil. Por um lado, os dias de que dispúnhamos eram só dois, por outro as distâncias são sempre algo a considerar. Pretendia-se um sítio novo e não muito distante de Maputo. Gaza foi a província seleccionada e Chidenguele o destino escolhido. 275 quilómetros de estrada para percorrer numa primavera por vezes enganadora.
A partida foi cedo, como se impõe. Oito portugueses e dois jipes deixaram Maputo por volta das 6:30h. Pela Nacional 1, fomos percorrendo quilómetros e desbravando terras, desta vez e na primeira grande viagem ao volante do nosso Land Cruiser Prado.
Benfica e Zimpeto são dois bairros activos desde as primeiras horas da manhã. Sábado é dia de comércio e por isso o desbravar do caminho torna-se lento e muito cauteloso. È uma agitação frenética.
Benfica e Zimpeto são dois bairros activos desde as primeiras horas da manhã. Sábado é dia de comércio e por isso o desbravar do caminho torna-se lento e muito cauteloso. È uma agitação frenética.
Mercado do Zimpeto |
Estrada fora fomos passando localidades como Marracuene e Manhiça. Um terço do caminho estava percorrido e impunha-se um esticar de pernas. Macia, Bilene, Chissano, 3 de Fevereiro e Chicumbane foram localidades percorridas sem grandes surpresas. As habitações típicas, as gentes a deambular estrada fora, as mães carregando fardos e filhos às costas, os homens nas suas bicicletas pedalando levezinhos, as bancas com a venda de produtos da machamba, são imagens já conhecidas.
Casas típicas ao longo da estrada |
A estrada continuava boa, o que possibilitava a nossa deslocação a bom ritmo. Xai-Xai aparece-nos como uma cidade em desenvolvimento e prova disso é a estrada que está a ser reparada. Foram alguns quilómetros em terra vermelha, muito ziguezague e muito pó levantado.
Estrada em construção - Xai-Xai |
Os Chineses continuam empenhados em deixar a sua marca no progresso e desenvolvimento de Moçambique. Mais 70 quilómetros de estrada e muita castanha de caju para venda em curiosos estandartes.
Estandarte do Lourenço |
Finalmente à direita, a aguardada placa do nosso destino: Chidenguele.
A estrada alcatroada ficou para trás e iniciaram-se sete quilómetros em picada de areia pelo verdadeiro Moçambique. Tracção metida e devagarinho, lá nos fomos embrenhando naquele Moçambique que tem graça.
A estrada alcatroada ficou para trás e iniciaram-se sete quilómetros em picada de areia pelo verdadeiro Moçambique. Tracção metida e devagarinho, lá nos fomos embrenhando naquele Moçambique que tem graça.
Troço de picada em areia |
Os aldeamentos de cabanas com telhado de colmo foram-se sucedendo, semeados entre a savana e as dunas de areia branca.
E foi aí que obtivemos umas das paisagens mais surpreendentes de Chidenguele: a lagoa de Nhambavale. Uma imensa mancha de água, de um azul-escuro, envolta por vegetação verde-tropa e areia branca fina. Uma miscelânea de cores dignas de uma tela.
Continuando no caminho trilhado de areia, a cada curva, homens e mulheres iam-se dedicando à lavagem na lagoa, dos seus corpos e vestes utilizando depois as árvores mais rasteiras como estendal. Um salpicado de cores a corar ao sol quente de 37ºC.
Continuando no caminho trilhado de areia, a cada curva, homens e mulheres iam-se dedicando à lavagem na lagoa, dos seus corpos e vestes utilizando depois as árvores mais rasteiras como estendal. Um salpicado de cores a corar ao sol quente de 37ºC.
Lavadeiras |
Curva após curva, chegámos ao nosso destino: o Lake View Resort.
Após 4 horas de viagem, entrámos finalmente nos nossos quartos, bem equipados, asseados e práticos. O aldeamento, composto por casinhas separadas por ruelas empedradas, está virado para a lagoa. As piscinas fazem um bom enquadramento. As árvores da Massala e da Papaia abundam neste solo fértil.
Lake View Resort |
Piscina do Lake View Resort |
Lagoa de Nhambavale |
Árvore da Massala |
O almoço foi ligeiro e à beira da piscina, e o fim da tarde foi passado na praia de Chidenguele, a 4 quilómetros do nosso resort e ao lado de outro lodge conhecido: o Paraíso de Chidenguele. A praia era sem dúvida grande e bela, mas o mar saudou-nos de forma bravia e o vento fustigou-nos de frio e nevoeiro. Meia hora foi o tempo suportado por crianças e adultos.
Após o regresso ao resort e um breve descanso nos quartos, impunha-se o jantar buffet, bem servido e gostoso no restaurante do resort de nome Inambo. Por companhia, muitos portugueses já sul-africanizados, que aproveitado também um feriado, resolveram visitar Moçambique.
A viajem de regresso pensada para Domingo à tarde teve de ser antecipada pois o meu filho começou, ao longo da noite, com sintomas gripais. Após o pequeno-almoço, e desta vez sem companhia, fizemo-nos à estada. Mais 4 horas de viagem pelas estradas de Moçambique.
Estrada de interior - picada de areia |
Esta escapada soube a pouco, é certo, mas valeu pela descoberta de mais um local pitoresco e mais uma bandeirinha no mapa do nosso conhecimento.
Por do Sol em Chidenguele |
CSD
Mais um passeio que ficará na memória...
ResponderEliminarComo são tão diferentes essas estradas das nossas!...
Continua a esvrever para nós.Parabéns.
Um forte abraço.
ADRI
Que saudades tenho eu da minha terra natal... ( Maputo)... Conheci Dinguine e Chidenguele.. Gostaria de ver algumas fotos de Dinguine ...
ResponderEliminarContinue a escrever... Parabéns!
Abraço
Obrigada. Infelizmente Moçambique já ficou para trás mas foram dois anos de boas descobertas. Boa terra, boa gente.
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