Quando os astros se alinham...
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Uluru, a pedra mistério |
Uluru é aquele sítio envolto em mistério que se quer conhecer sem receios. Desde sempre figurou na nossa lista de viagens a fazer. Com a volta súbita que a nossa estada por terras de Down Under sofreu, a coisa complicou-se. As férias de inverno também não ajudaram e a lotação completa dos hotéis desfez as nossas esperanças.
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Vista aérea de Uluru |
Eis senão quando... uma desistência reavivou a nossa vontade. Há oportunidades que não se devem perder e esta foi agarrada com ambas as mãos. Numa viagem relâmpago colocamos a nossa bandeira em Uluru. Vamos a isso!
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Pórtico de boas vindas à chegada ao aeroporto |
O voo de três horas e meia faz-se sem pressas e através da pequena janela oval começa a desenhar-se um mundo diferente. Vermelho, vazio, árido, esquecido, unicamente salpicado por vegetação que parece desenquadrada. Deus não passou por ali e a terra tomou conta do espaço. O fogo pintou-a de vermelho e o homem perdeu a conquista. A caminho do resort uma coloração ocre encheu o horizonte e as nossas vistas.
Só em África há sítios assim!
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Estrada do aeroporto à aldeia de Yulara Resort |
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The Olgas, outro monumento mistério. |
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Terra vermelha |
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O contraste entre o amarelo da lemon grass e o vermelho da terra |
É na aldeia de Yulara que a vida acontece. Um aglomerado de hotéis para todas as bolsas estrategicamente edificado para oferecer aos milhares de turistas que anualmente visitam este Red Centre, as melhores aventuras e passeios. Sem saber bem o que esperar, aguardava-nos a "Cabana número 13"! Um casa de madeira simples e com as "facilidades" básicas. Para uma noite, not bad! Gratos estamos nós por alguém ter desistido da viagem!
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Cabana no Ayers Rock resort Campground. |
Uma breve passagem pela "cidade" para comprarmos a bucha para o pequeno almoço fez-me perceber que com pouco se vive! A "cidade" nada mais é do que uma praça rodeada pelas lojas necessárias: supermercado, café, geladaria, restaurante e posto de turismo. That's it!
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A cidade |
Mas o por do sol aproximava-se a passos largos e já de bilhetes na mão, rumámos ao que realmente interessava: Uluru. Após 12 quilómetros na mesma estrada vermelha e rodeados de uma espécie de savana peculiar, fomos vendo o sol a adormecer. Num planalto e tendo como pano de fundo as rochas famosas, brindámos à vida, aos astros e a Deus.
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À saúde! |
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Uluru ao por do sol |
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Um brinde a todos! |
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À vida e ao sucesso! |
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The Olgas, a outra formação famosa. |
Já com o sol a caminho de outras paragens, aguardava-nos um jantar literalmente sob as estrelas! Num espaço devidamente preparado para o repasto memorável, assentámos arraiais e absorvemos tudo! Como música de fundo, um aborígene tocando Didgeridoo, e no ar o cheiro quente da refeição tradicional. De entrada uma sopa de tomate que aconchegou a alma. Crocodilo, canguru e carneiro bem acompanhados por saladas e vegetais formaram o prato principal. Sobremesas variadas, chá, café e um chocolate quente terminaram a ementa. Mas foi a alma a que mais se consolou. Apagadas todas as velas numa noite de bréu, esticámos o pescoço e o impensável aconteceu. Uma galáxia se abriu só para nós.
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Restaurante sob as estrelas |
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Ao som do Didgeridoo |
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Por do sol em fundo |
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Repasto maravilhoso |
A noite instalou-se e com ela temperaturas gélidas. Num silêncio sepulcral escutámos Uluru durante breves minutos. Afinal o silêncio também tem som!
Mais tarde um guia procedeu às explicações sobre o local e as galáxias que no céu despontaram para nos receber. Sagitário e Capricórnio lá estavam enquanto Caranguejo foi para outras paragens! Cada um tem o que merece! E ainda vimos Saturno e os seus anéis, através de um telescópio montado para nos maravilhar. Quem vive nas cidades desconhece os tesouros que o céu guarda. Que bela experiência. Satisfeitos rumámos à nossa "cabana" para uma noite curta e fria!
A alvorada foi às 5h. O nascer do sol seria agora o nosso alvo. Com temperaturas de -3 graus aguardámos o mini bus para o transporte até ao Parque Nacional Uluru-Kata Tjuta.
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5h30m algures num campo de lemon grass. Quero ir para a cama! |
Chegámos ao miradouro ainda de noite e Uluru mostrou-se numa penumbra curiosa. A ar era cortante e gelava as extremidades sem dó nem piedade. Mas as tonalidades daquela paisagem, essas aqueciam o coração! Maravilhoso.
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Uluru aos primeiros raios da aurora |
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Uluru ao nascer do sol. |
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Uluru no nascer do sol. |
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7h e um frio de morte! |
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The Olgas e o nascer do sol. |
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Aquecer a quanto obrigas! |
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Para a posteridade |
Mas aquela rocha gigante e misteriosa que começava agora a acordar aos primeiros raios de sol requeria uma atenção mais próxima. Largados no sopé da montanha, iniciámos a pé a prospeção do terreno. O tamanho é sufocante! E se ao longe parece uniforme, revelou-se uma caixinha de surpresas de tantos recantos e cavidades que fomos encontrando ao longo das quase três horas ao redor.
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Mala Puta Carpark. |
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Pinturas aborígenes |
Uluru é um local sagrado para os aborígenes australianos e segundo reza a lenda, quem levou um pedaço de rocha sagrada como recordação, depressa o devolveu, pois o azar instalou-se na vida, tornando-a num inferno! Não se brinca com o sagrado!
Após uma hora de caminhada por trilhos e cavidades, descobrindo segredos milenares e já com muita terra vermelha acumulada em calças e sapatos, um momento de descanso impunha-se. O frio não abrandava e barulho do vento era ensurdecedor!
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O descanso dos exploradores |
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Alimentando a alma. |
Mas afinal o que é Uluru? Apelidado pelos colonizadores europeus de Ayers Rock, este monumento é o segundo maior monólito do mundo com 318 metros de altura e uma base de circunferência de 8 quilómetros. Composto por vários tipos de rocha, este conglomerado adquire tonalidades diferentes consoante o por ou o nascer do sol. A primeira curiosidade é que a percentagem que está enterrada é muito superior à que é visível. São 2,5 quilómetros de profundidade, e são necessárias perto de 4 horas a pé para se completar uma volta inteira. É um lugar mágico, cheio de mística e superstição. E já agora, o maior também se encontra na Austrália. Chama-se Mount Augustus (Burringurrah) e cobre uma area de 48 quilómetros quadrados! Where else?
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Por do sol no horizonte |
O regresso a casa fez-se com as cores do por do sol no horizonte. Uma viagem relâmpago, intensa, cheia de significado e mistério. Nas entranhas da Austrália o tempo tem um relógio próprio. E isso faz toda a diferença!
E assim, com a alma cheia mas o coração apertado se despedem deste fantástico continente estes três exploradores. Muito mais haveria para desbravar. Mas foram dois anos bem vividos e isso nunca mais será esquecido. A Austrália é um continente maravilhoso. Quem sabe um dia...?
Este blog continuará a ser alimentado noutras paragens e com novas vivências, para quem quiser olhar o mundo sob os meus olhos.
Muito obrigada Austrália. Até sempre.
CSD
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