ANDALUZIA I - HUELVA

Andaluzia é diversidade, carisma e autenticidade. É o resultado de uma miscelânea de invasões, conquistas, transformações, hábitos e culturas. Composta por oito províncias, esta língua quase de continuidade portuguesa é um puzzle de influências fenícias, gregas, cartaginesas, romanas e árabes. Percorrendo os seus caminhos sentimos isso mesmo: uma terra de vibrações surpreendentes. E lá fomos nós...

Pertinho de Portugal e passagem obrigatória para as entranhas andaluzes, Huelva é aquela cidade assim, assim... Quase totalmente destruída pelo nosso bem conhecido terramoto de 1755, esta cidade é portuária e pouco mais. Edificada na confluência dos rios Tinto e Odiel tem como cartaz a figura de Cristobal Colon, Cristóvão Colombo. 

Muelle de Rio Tinto

À entrada da cidade um majestoso passadiço em ferro chamado Muelle de RioTinto. Hoje desactivado foi ponto de embarque de material oriundo das minas da companhia mineira Rio Tinto. Um passeio que se faz com calma absorvendo a maresia e contemplando a cidade.    

Percorrendo as ruelas sob um sol inclemente, chegámos à Plaza de Las Monjas, uma praça onde a figura de Cristobal Colon é figura cimeira. Num pedestal ordena a partida e sonha com as conquistas. É uma praça acolhedora e florida, onde um café sabe lindamente!

Plaza de Las Monjas
Mais à frente e impossível ficar indiferente aparece o monumento de homenagem à Virgen Del Rocío. Uma escultura à escala humana, edificada pelo escultor Elías Rodriguez Picón que representa a Procissão Blanca Paloma, romaria mais importante da cidade. A expressão facial dos romeiros, a representação de cada gesto e o movimento de cada veste estão sublimemente criados.  Fabuloso!


Estátua impressionante de la Virgen Del Rocío

Segue-se a Catedral de Huelva, criada sobre a antiga Ermita de San Roque. Constituída como Catedral de Município em 1954 é hoje um templo renascentista e barroco datado do século XVII. Sofreu inúmeras transformações e reformas ao longo dos tempos, principalmente devido a uma impar sucessão de sismos e terramotos. Sem deslumbrar é acolhedora e intimista.

Santa Iglesia Catedral de Nuestra Señora de la Merced

E chegou a hora de passarmos para o lado de lá sem antes pararmos no colosso que é mais uma estátua de Cristóvão Colombo! Na Punto del Sebo eis que nos assalta o Monumento à Fé Descobridora, uma estátua gigante de 37 metros, sem expressão, quase sem forma salvando-se o contexto: foi dali que partiu Colombo rumo à América. 


Monumento à Fé Descobridora

Segundo a autora americana G. Vanderbilt Whitney não representa Colombo, mas um navegador que contempla com olhar visionário as expedições futuras. Foi feita a pensar em Colombo, cujo olhar alcançava a América, mas não é Colombo! Também os reis católicos Isabel e Fernando se encontram representados pela cruz, grandes apoios a Colombo e à propagação da fé cristã.     


E o caminho faz-se caminhando ... rumámos a Palos de La Frontera onde se respira Colombo: who else!! 

Muelle de las Carabelas remete-nos ao passado, às aventuras e às descobertas. Situadas num espaço temático duas caravelas e uma nau representam as três embarcações que desbravaram oceanos numa epopeia comandada por Colombo. Pinta e Ninã, acompanhadas pela nau Santa Maria partiram em 1492 com o propósito de alcançarem as Índias desbravando o Mare Tenebrosum, vulgo Oceano Atlântico. Bahamas foi o seu porto de abrigo e logo batizada de São Salvador. Os seus habitantes seriam "índios", ora não estivessem Índia!!. Dez anos mais tarde revelou-se ao mundo um Mundo Novo: a América.  

Caravelas de Colombo

Novos marinheiros!

Pinta

De tipo carraca, a Santa Maria foi cópia das naus portuguesas de transporte de mercadorias muito utilizadas em viagens oceânicas nos séculos XV e XVI. Isso, e outras influências portuguesas, podem ser vistas num filme temático que explica esta epopeia e a coragem de todos quantos enfrentavam o desconhecido sob condições inimagináveis. 

Por último, tempo houve para visitar o Mosteiro de Nossa Señora de la Rábida. 

Mosteiro de La Rábida

Este mosteiro franciscano, erigido nos séculos XIV e XV, foi albergue de Cristóvão Colombo a partir de 1485, onde a pacatez dos freires de La Rábida proporcionaram o local ideal para a preparação da expedição ao novo mundo.  Sofreu ao longo dos seus quinhentos anos várias transformações, principalmente após o malfadado terramoto de Lisboa em 1755. Foi declarado monumento nacional em 1856 e hoje é visita obrigatória para turistas. 

Monumento nos jardins exteriores

Monumento a Colombo: 500 anos após a sua morte
E assim se visita uma cidade que, sem ter um encantamento especial, não deixa de nos surpreender quer pela homenagem à grande figura que foi Cristóvão Colombo, quer pela pacatez do viver da suas gentes.

Próxima paragem: Sevilha!

CSD   

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