PORTO SANTO - UM PORTO DE ABRIGO


Abençoada tempestade que no ano de 1420 empurrou a caravela e os marinheiros portugueses Zarco, Vaz Teixeira e Perestrelo para Porto Seguro (ou Porto Santo)! A mão de Deus salvou os homens exploradores e deu um paraíso a Portugal! Às portas do Continente, Porto Santo é uma das 15 melhores praias da Europa. Bora lá rever isso!

Porto Santo - Miradouro da Portela 

O bafo vem de África, a humidade vem do imenso oceano de água cristalina e o deslumbre, esse vem da moldura de contrastes que nos envolve a cada passo. Mais perto de Marrocos do que do Continente, esta ilha destaca-se pelos 9 km de praia de areia fina e dourada e pela envolvente negra de uma beleza genuína. Vigiada de perto pelos Ilhéus de Baixo, de Cima, de Ferro e da Fonte da Areia, esta ilha é um baú de surpresas. E o clima também! Considerado ameno ao longo de todo o ano, o certo é que tem os seus arrufos! Ora fica escuro como breu, ora as pingas dão ar de sua graça, ora sopra um vento desenfreado, ora abre um sol inclemente. Assim foram os nossos dias!  

Praia de Porto Santo

Praia de Porto Santo

Praia de Porto Santo - Pontão 

A capital Vila Baleira é hoje uma freguesia pequena e pacata situada na costa sul da ilha. Alternando entre praia de areia fina, dunas e miradouros com vistas paradisíacas, encaixa na perfeição no conceito de férias e descanso. 

Centro da Vila Baleira - Pico do Castelo em fundo

Igreja de Nossa Senhora da Piedade

Campanário da Igreja de Nossa Senhora da Piedade

Altar da Igreja de Nossa Senhora da Piedade

Jardins centrais

Biblioteca à beira mar




No pontão com Ilhéu de Cima em fundo

Na zona da Fontinha ergue-se um edifício centenário e provavelmente o mais importante e único à época: o edifício da Antiga Casa das Águas. Dali saía água mineral que ganhou reconhecimento terapêutico e prémios internacionais. Em 1893 foi realizada em Paris a primeira análise à qualidade das águas de Porto Santo sendo reveladas propriedades benéficas para o tratamento das doenças de pele e do aparelho digestivo. Hoje, votado ao abandono, este edifício datado de 1922 não deixa ninguém indiferente. O património não pode ser esquecido.



Fábrica de Águas de Porto Santo

O centro da vila é mínimo e, se durante o dia está adormecido, à noite alegra-se com as gentes que depois da janta se concentram para a habitual "Lambeca", um gelado entre dois dedos de conversa.  

Junta de Freguesia
Lambecas, sempre com muita afluência!

Mas falar de Porto Santo é lembrar Cristóvão Colombo, provavelmente a figura mais ilustre da ilha. De origem ainda desconhecida sabe-se que casou com D. Filipa Moniz filha do marinheiro Perestrelo, primeiro capitão Donatário de Porto Santo. Na Casa Museu no centro da vila, outrora sua residência, comprovamos a grandiosidade portuguesa no mundo e a fragilidade de um homem que, sendo um navegador exímio, morreu convicto de que as suas expedições tinham sido realizadas ao longo da costa oriental da Ásia! "A" sim... mas de América!


Casa Museu Cristóvão Colombo

Outra figura ilustre é Jorge Brum do Canto. Alfacinha de nascimento, corria-lhe o sangue ilhéu nas veias e a arte na alma. Realizador convicto, foi a longa metragem "A canção da Terra" de 1936 que o lançou como realizador. Um filme que pode ser visto no museu e cuja acção conta os tempos difíceis de um Porto Santo pobre e atrasado, parado num tempo não tão longínquo assim. A pesca e a culinária foram outras das suas grandes paixões e também aí deixou a sua chancela. Um homem muito interessante e cujo museu merece uma visita.  


Casa Museu Jorge Brum do Canto

Visto o centro, avançámos à descoberta da natureza pura e dura. De autocarro, chegámos à Ponta da Calheta. Um lugar mágico!

Situada no outro lado da ilha, numa curva vulcânica, esta praia de areia dourada, formações rochosas, cantos e recantos agrestes abraçados pelo mar turquesa, é uma bênção de Deus. Os contrastes das várias tonalidades de azul do mar com o negro da lava pincelada a verde, encantam quando o sol brilha. Um paraíso português.


Miradouro da Ponta da Calheta. Ilhéu de Baixo ou da Cal

Praia da Calheta

Rochas vulcânicas

No pico de lava

Canais de lava

Na piscina vulcânica

Vitamina D!

A força da natureza

Água translúcida.

O regresso ao centro da vila fez-se pela praia quase deserta. Corajosos, iniciámos uma caminhada de 7 km sobre areia dourada comprovadamente terapêutica. Fina e quente, nela fomos deixando a nossa marca pedestre. Saltitando em poças nas rochas e chutando as ondas, percorremos o areal sob um sol brilhante. Nesta praia de bandeira azul, a caminhada lava a alma e revigora o corpo.

Balneários de praia

Porto Santo tem uma área habitável de 42,48 km quadrados e, apesar das suas gentes acharem que tudo é perto... há recantos e trilhos que dificilmente se fazem a pé. Com o João ao volante num 4x4 partimos à descoberta dos miradouros e curiosidades que esta ilha esconde. Subimos "um pedacinho" e chegámos ao Miradouro das Flores. Daqui avista-se o Ilhéu de Baixo ou da Cal. Separado pelo estreito Boqueirão de Baixo, este é o maior ilhéu de Porto Santo. 


Miradouro das Flores - Praia de Porto Santo

Miradouro das Flores - Praia de Porto Santo


Ilhéu de Baixo ou da Cal

Miradouro das Flores com o Ilhéu de Ferro em fundo

Seguiu-se o Miradouro do Furado Norte na Ponta da Canaveira. Em fundo, o Ilhéu de Ferro com o seu farol. Os passadiços criados pelo homem embelezam ainda mais este miradouro agreste.



Ilhéu de Ferro

Passsadiços

Continuando a nossa aventura por picada e virando costas ao oceano, eis que a natureza nos lembra a sua força. Morenos, a paragem seguinte. Como que desenhado na escarpa, os canais de lava levam-nos aos primórdios da criação da ilha. Rios brotando das entranhas numa pintura imponente de tons terra.  



Morenos e os canais de lava

E mais à frente a Fonte de Fósseis Primitivos. Num momento de inspiração e na tentativa de preservação dos primórdios, nasceu pela mão do homem uma fonte feita com pedaços fossilizados. Uma curiosidade que perpétua o passado.  



Fonte de Fósseis Primitivos

Continuando a subida nas costas do mar, chegámos ao Pico de Ana Ferreira, o ponto mais alto da parte ocidental da Ilha de Porto Santo. "Piano" ou colunas prismáticas quase perfeitas, chamam a nossa atenção. Estes pilares encrostados na rocha são o resultado do arrefecimento do magma e da actividade vulcânica milenar. Ou então ... reza a lenda, que foram o resultado das feitiçarias de Ana Ferreira, princesa desalentada...! Seja como for... é maravilhoso!

Pico de Ana Ferreira - Colunas Prismáticas

Tabaibos ou, como por cá se diz, Figos da Índia, acompanharam a nossa expedição exploratória. Ao longo do caminho apresentaram-se às centenas, selvagens e intimidantes. Diz quem provou que é pouco doce e menos ácido! 

Tabaibos

Também os "muros de crochet" erguidos para protecção das vinhas se vão revelando ao longo do caminho. E protegem-nas bem, pois o grau de álcool em cada garrafa ronda os 24 graus! Este vinho branco é só para duros! 

Muros de crochet e vinha

O Forno da Aldeia, hoje desactivado, recorda tempos idos em que a comunidade se juntava num misto de trabalho e lazer. Fica a lembrança dos tempos duros de uma ilha pobre mas unida. 

Forno da Aldeia

E eis que surge um oásis plantado num vasto deserto! O mini zoo botânico, na Quinta das Palmeiras, aparece do nada como um milagre. Fizemos uma paragem para refrescar e conhecer este projecto pioneiro de pássaros e plantas.   


Mini zoo botânico

Também as casas típicas povoam estas encostas de pedra de areia. Chamadas Casa de Salão estão hoje degradadas e perdidas na memória das gentes. Completamente diferentes das Casas de Santana da Ilha da Madeira, estas habitações de argamassa serviam de apoio a actividades de agropecuária. Salão é uma espécie de barro muito aderente e abundante na região. Cobria o telhado, o que as tornava quentes no inverno e frescas no verão. Sem fundos para recuperação destas raras e centenárias construções, será toda uma história e património que se perderá. Shame!

Casa de Salão - Casa típica de Porto Santo

De volta à costa eis que aparece o Macaco! Não, felizmente não é o da bola!
Perdido no mar, o Ilhéu da Fonte da Areia é uma formação rochosa que, observada num determinado prisma, parece um ... macaco! Haja imaginação!

Já com o fim da visita no horizonte, os Moinhos de Vento giratórios e em madeira aparecem no caminho lembrando D. Quixote! O Miradouro da Portela encerra o passeio de 3 horas por um Porto Santo soberbo e autentico. 


Ilhéu da Fonte da Areia - Macaco

Moinhos de Vento no Campo de Cima

Miradouro da Portela - Praia de Porto Santo

Miradouro da Portela - Marina

João, o nosso guia da Agência de viagens Dunas. 

No dia seguinte e após uma manhã de praia, fomos ao Pico do Castelo. Nesta antiga cratera vulcânica foi construída uma pequena fortaleza no século XVI para combate às invasões francesas e argelinas. Porto Santo desde sempre muito apetecível!


Pico do Castelo - Canhão

Apetecível é também a gastronomia. Quem nunca ouviu falar do bolo do caco com manteiga de alho, das lapas grelhadas, da espetada e do milho frito? Do peixe fresquíssimo e do atum na grelha? Da Poncha e dos vinhos locais? À beira mar e muito práticos (Corsário, Pé na Areia, Bar João do Cabeço, Ponta da Calheta) ou encosta acima para um jantar mais substancial (PXO ou Panorama) a escolha é variada, as vistas garantidas e os transferes estão assegurados! Come-se bem no Porto Santo.


Sr. Nico, a fazer Bolo do Caco há 30 anos!

Mas ao entardecer Porto Santo tem uma aura diferente. No crepúsculo as tonalidades angelicais desta vila paradisíaca transformam-se. O azul cristalino do mar dá lugar ao negro frio do oceano e a paisagem outrora agreste, cintila num espelho de luz e brilho. 


Miradouro do restaurante Panorama

Miradouro do restaurante Panorama

Porto Santo by night
Porto Santo, um porto seguro banhado por uma praia de sonho emuldurada a negro.  

CSD

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