Primeiro relato: casa de paredes brancas e alcatifa fofa!
Diário
Ocasional!
Sim,
é verdade, mudámos de casa, para aquela casa de paredes brancas e alcatifa
fofa! Mesmo com os nossos pertences ainda algures num navio atracado no porto
de Singapura, à espera de transbordo, à espera de consensos e bons sensos, tivemos
de o fazer. Incomportável é manter duas rendas em qualquer lugar do mundo e
nesta cidade em particular é impensável. Por isso, munidos daquela coragem que
está nos genes destas criaturas itinerantes, fizemos as malas e abalámos.
Por
sorte ou mera obra do destino a casa nova encontra-se a escassos metros da
antiga. A mudança, apesar dos parcos haveres, foi feita em várias levas. O
“pega daí que eu pego daqui” foi a melhor estratégia. Mas, de onde surgiram
tantos volumes? Não sei! A minha leve suspeita há muito pedia confirmação, e
sim, os objectos multiplicam-se, reproduzem-se, juntam-se desafiando a nossa
capacidade estratega de arrumação. Sei que entrámos naquela casa, há dois
meses, com 6 malas e 3 mochilas. Saímos quase com o dobro!! Como? Não sei. E já
não sou novata nestas andanças!
Bom,
mas a casa nova, apesar de ser “mignon” estava vazia e depressa se espalhou
pela comunidade o nosso “azar”... Aproveitando a boa vontade de novos amigos,
traçámos as prioridades. Colchões e respectivos têxteis encabeçaram a lista. E
assim, agarrando a solidariedade da dona da antiga casa, se passearam dois
colchões (um de casal e outro de solteiro), devidamente encaixados num chique
“chariot” de hotel avenida abaixo até à nova residência. “vira para aqui,
endireita, segura, espera” foi pilotagem e co-pilotagem portuguesa rua abaixo e
“building” acima. Dormir, está!
Segunda prioridade: alimentação. Aproveitando
algumas campanhas promocionais comprámos um kit básico de cozinha que,
juntamente com uns utensílios emprestados, deram alento à nossa existência. E
um molho de cabides, porque ter roupeiros e roupa nas malas, não combina! Mas
amigos que o são preocupam-se e a nossa Chanceler não desistiu ... “comer no
chão, e tal, e coitadinho do menino que não tem onde fazer os trabalhos”... A
nossa Elisabete convenceu o marido Sr António, num sábado madrugador, a
transportar na sua carrinha a secretaria de estudo da filha já mulher, mais os
sofás do gabinete do Consulado que já tinham ordem de marcha para o lixo, mais
a TV que ninguém vê e 5 cadeiras. Ora, com os sofás encapotados e tudo
posicionado, a casa parece outra! Temos onde dormir, sentar, comer, passar a
ferro e estudar. E que bem que estamos!
Mas
as saudades das minhas tralhas sinto-as no dia a dia, nas mais pequenas coisas,
o que faz aguçar a minha/nossa capacidade imaginativa e o característico desenrascanço
português. Já para não falar das saudades dos tremoços e do nosso queijo
fresco! Os meses passam mas sei que a integração só ficará completa na nossa
Casa Portuguesa.
CSD
já tens muito para contares aos teus netos.Beijinhos
ResponderEliminarADRI
Que bom vai ser quando estiver a abrir caixas e a arrumar a sua "casa portuguesa"
EliminarSim, o que não falta nesta vida são histórias para contar! Bjs
EliminarObrigada. Estou desejosa de ter essa trabalheira! Bjs
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