Caiu o Carmo e a Trindade!
De facto a ideia até era muito boa. Levantámo-nos cedo e se bem o pensámos, melhor o fizemos. Numa manhã de sábado que prometia temperaturas altas, porque não explorar um local húmido e fresco, badalado em grandes parangonas e aberto só 3 dias no ano? As Galerias Romanas de Lisboa.
Galerias Romanas |
Pois, mas o nosso pensamento foi seguramente o mesmo que o de 1 milhão de alfacinhas! Todos os caminhos da capital desembocavam na Rua da Conceição, mais propriamente num buraco mesmo no centro do alcatrão. Sim, de facto a entrada do buraco era na rua da Conceição, mas a fila, que mais parecia um cordão humanitário, terminava no Rossio! Se na sexta feira havia relatos de espera de 5 horas, naquele sábado, a avaliar pela multidão, nem 8 horas seriam suficientes para se penetrar no buraco!
Rodámos os calcanhares e iniciámos o regresso a casa. Mas Lisboa tem de facto imenso para ver, e nós, ainda com o natural atraso de seremos emigrantes, temos lacunas de conhecimento. Para não dar a viajem como perdida, resolvemos mostrar ao rebento, o Elevador de Santa Justa.
Rua da Prata??? Não, é mesmo na Rua da Conceição. |
Após alguns minutos de espera numa filinha medíocre, entrámos na caixa de madeira ornamentada a latão. Também conhecida como Elevador do Carmo foi inaugurado em 1902. Erradamente atribui-se a sua criação a Eiffel, por causa da Torre lá, em Paris de França, mas na verdade o arquitecto deste ascensor foi outro: Ponsard. Com uma lotação máxima de 25 pessoas na subida e 15 na descida, iniciámos a viajem. 30 metros de altura separavam a Rua de Santa Justa da Rua do Carmo. Após alguns degraus em escada de caracol, eis que se abre o céu e a minha cidade. O Rossio e o seu D. Pedro IV, a esquadria da Baixa, o Castelo de São Jorge, o Convento do Carmo (ou o que dele resta) e finalmente, num abraço envolvente e refrescante, o Tejo.
Como é bela a minha Lisboa!
Como é bela a minha Lisboa!
Com as Ruínas do Carmo mesmo ali ao lado, eis que aproveitámos para mais uma descoberta. Fundada em 1389 pelo Santo Condestável D. Nuno Álvares Pereira, esta actual amostra de monumento foi em tempos um convento e uma igreja gótica do mais imponente que havia. Mas o Terramoto de 1755 foi impiedoso e para a posteridade ficaram de pé os pilares e os arcos das naves. No reinado de Dona Maria I procedeu-se à recuperação, já sob o estilo neogótico, mas os trabalhos foram interrompidos com a extinção das ordens religiosas. Hoje, é local obrigatório de visita tanto para turistas como para nacionais.
Ruínas do Convento |
O museu arqueológico foi fundado em 1863 pelo arquitecto da Casa Real Joaquim Possidónio da Silva. Inicialmente destinou-se a albergar peças do próprio templo descobertas entre os escombros, peças de antigos edifícios e peças das casas reais mais tarde extintas. Situado hoje sob o tecto que não ruiu, podemos ver achados do tempo paleolítico e neolítico, bem como túmulos de figuras ilustres da nossa história.
Túmulo de ...... |
A parte habitável, outrora Convento, é hoje a sede da GNR e foi palco dos grandes acontecimentos do 25 de Abril e Revolução dos Cravos. À saída do Museu encontramos o Chafariz do Carmo, datado do Século XVIII que, com as suas torneiras em ferro, refrescaram a nossa manhã.
Voltámos a descer no elevador centenário e rumámos até à viatura, não sem antes comermos um gelado na Farggi e voltarmos a comprovar a imensa fila dos amantes das catacumbas!
Talvez por isso faça sentido a expressão "caiu o Carmo e a Trindade", desta vez na Rua da Conceição!!!
CSD
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