€UROZINHOS MUITO SOLIDÁRIOS!!

Neste meu regresso a casa encontrei um país diferente. Aquele que deixei há seis anos acolheu-me nuns braços mortiços e apáticos. Foram várias as vozes que me prepararam para uma recepção cinzenta. Felizmente a minha consciência foi-se escudando surdamente. O choque foi suave e anestesiado.

Encontrei um cantinho pobre, desanimado, desiludo e desinteressado. Decidi por isso entregar-me à solidariedade. Ponderei interesses e disponibilidades. Enviei mails, ofereci os meus préstimos, disponibilizei-me a disponibilizar tempo meu em prol dos outros.  E sabem que mais:

 NINGUÉM ME QUIZ.

À excepção do Bazar Diplomático, onde me entrego em manhãs seguidas à causa nobre dos mais desfavorecidos, nenhuma outra entidade solicitou ou respondeu à minha oferta de ajuda. Os meus interesses sempre foram variados. Desde associações de protecção animal, canis municipais ou até o próprio banco alimentar, todas estavam dentro do meu espirito solidário. Para todas enviei a oferta dos meus préstimos, mas nenhuma respondeu. 

Fazendo uma análise triste deste estado de coisas só uma conclusão posso tirar. Esta crise tão apregoada, este empobrecimento tão queixoso, esta solidariedade tão necessitada não quer coração, não quer braços, não quer tempo, não quer mimos. 

QUER DINHEIRO. 

A minha mão de obra não chega. A oferta do meu tempo não satisfaz. A minha presença não é querida, mas os meus EUROS sim. Seguramente que, se ao invés de ter oferecido tempo e ajuda fisica tivesse oferecido dinheiro, não faltariam as respostas e as mãos estendidas. Esta sociedade continua a cair no mesmo erro. Dá importância desmedida à moeda de troca, que troca valores por ganância. 

CSD
  


Comentários

  1. Amiga,
    Em tempos de menos crise senti o que tu sentes agora,ate parece que nos rejeitam!
    Uma coisa aprendi nestas paragens, apesar de viverem de mao estendia, ha quem aproveite o pouco que temos para lhes dar. Aceitam as nossas dadivas, o nosso colo, as nossas palavras sempre com um sorriso franco e aberto. Aqui aprendi o que e fazer a diferenca na vida de algem, mesmo com pouco.Faltam os euros que nunca tiveram...
    Muita forca.

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  2. Carla, recebi o mail e vim aqui. Já há muito que o não fazia, nem tenho escrito pela falta de tempo. Também nós regressaremos a PT, neste novo ano de 2012. Como compreendo este relato! E sinceramente não me espanta, é a sociedade que valoriza mais o ter que o ser. Bjs e que tudo corra bem. Graça (mãe Teresa Sousa-Bxl).

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  3. Não têm sido essa a minha experiência, felizmente.

    Por outro lado, o trabalho voluntário está a ser mais valorizado do que o trabalho remunerado..... i.e. a exploração.... mas isso são outros quinhentos....

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