BILENE e ZONGOENE

O Dia de Todos os Santos foi feriado para alguns e sendo coladinho ao fds, dava o mote para mais uma escapadinha. O tempo incerto deixava-nos contudo algumas dúvidas quanto à escolha do destino. Decidimos arriscar e não nos arrependemos.

Lagoa do Bilene
Sábado pela manhã partimos descontraidamente com destino à Província de Gaza, mais precisamente à já conhecida Lagoa do Bilene. Pela Nacional 1 fizemos os cerca de 156 quilómetros até Macia, sem surpresas. À direita a aguardada placa para a Lagoa do Bilene e mais 35 quilómetros em estrada alcatroada. À nossa espera estava um "chalet" no Complexo Palmeiras, mesmo em frente à Lagoa, de dois quartos, com 4 camas individuais e uma casa de banho. A desilusão foi imensa: o chalet era de cimento e telhado em chapa de zinco (nada típico!), estava mobilado com o básico, sem Tv, sem ar condicionado, a limpeza e higiene primavam por ausentes, sem redes mosquiteiras nem insecticida e sem toalhas nem sabonete. Foram 50 euros por noite muito mal empregues! Uma lição foi tirada: nunca pagar antes de ver.

Chalet do Complexo Palmeiras

Instalados o melhor possível partimos ao encontro de um casal já conhecido que acabou por nos fazer companhia durante o fds. O almoço no Complexo Aquários foi bom e a tarde foi passada na praia, onde o vento insistia em fazer-se sentir. A temperatura da água convidava à banhoca, apesar do fresco de fim de tarde. O jantar voltou a ser no mesmo complexo e a noite passou-se sem grandes emoções.


Complexo Palmeiras 
Domingo amanheceu encoberto. A praia não convidava e por isso decidimos conhecer mais um local de Moçambique relativamente perto do Bilene: Zongoene.

Estrada Nacional 1

Desta feita dois jipes fizeram-se à já conhecida Nacional 1 no sentido de Xai-Xai. Estrada fora passamos algumas localidades como Chissano, Chipenha, 3 de Fevereiro, Chicumbane e finalmente à direita, Zongoene. O caminho até ao Zongoene Lodge é uma aventura saudável em picada de terra batida que dá gosto fazer. São 36 quilómetros que nos embrenham num Moçambique desconhecido, parado no tempo, bruto e puro. Terra vermelha, aldeias típicas, gente humilde, muitas crianças são o que os nossos olhos vêm ao longo de uma hora. A vegetação também é muito variada, o que nos motiva a cada solavanco, a cada buraco, a cada lomba, a cada curva.

Estrada em picada de terra vermelha
Aldeia típica


Gentes de Zongoene


Planície verde a perder de vista
A chegada ao Zongoene Lodge foi uma agradável surpresa. Perdido entre praias, dunas e floresta, este lodge situa-se na embocadura do Rio Limpopo com o Oceano Índico. A vista que se pode desfrutar é muito bela, num misto de branco, azul e verde. Os chalets são de madeira, individuais, muito bem mobilados, com conforto e charme, onde apetece ficar. As três piscinas existentes em perfeita simbiose com o ambiente, fazem as delícias dos mais novos. Com o aproximar da  hora de almoço, decidimos desgostar um filete de bicuda acabadinho de pescar. Maravilhoso! O tempo passa depressa quando estamos bem e em boa companhia mas, impunha-se o regresso. Partimos com vontade de voltar.


Embocadura com o mar - vista esquerda

Embocadura com o mar - vista direita

 
Zongoene Lodge - Chalet de madeira


Zongoene Lodge - Piscina


Edifício principal do Zongoene Lodge
Segunda-feira chegou e apesar de ser o dia de regresso a Maputo decidimos aproveitá-lo o melhor possível. Já sem o casal amigo, alugámos um barco e decidimos explorar o lado de lá da Lagoa do Bilene. 40 minutos foi o tempo despendido para se chegar à outra margem da Lagoa, muito perto do mar.


O outro lado da Lagoa do Bilene

Durante o calmo trajecto, muitas foram as imagens pitorescas que os nossos olhos puderam vislumbrar. Vacas e cabras pastando num tapete de relva verde à beira de água salgada, passarada em ilhotas de areia branca aguardando calmamente o seu almoço, flamingos brancos penicando os baixios da lagoa e peixinhos que insistiam em acompanhar o andamento do nosso barco.
A chegada ao outro lado trouxe-nos areia dourada, água morna e um sossego inacreditável.


Lagoa do Bilene
Com o intuito de avistar tartarugas, fizemos, na companhia do nosso marinheiro Faustino, alguns metros em direcção ao mar, sob um sol escaldante e uma areia repleta de conchas brancas. O mar encontrava-se revolto e poucas foram as tartarugas avistadas, mas podemos confirmar que existem.

De regresso à Lagoa, foi tempo de esticar a toalha e desfrutar de algum tempo de praia e silêncio. Com o aproximar da hora de almoço, entrámos no nosso barco e rumámos direitinhos ao Mahelane Lodge, ainda no lado oposto de Bilene. 20 minutos de lagoa e outra descoberta fantástica. Chalets de madeira encosta acima, embrenhados na vegetação típica, lembram um cenário de cinema. Foi aí que comi o melhor caranguejo cozido de sempre. Bom restaurante, boa vista, bom tempo. Os chalets são muito bonitos, bem mobilados e confortáveis. Os preços são talvez, a pior parte!


Mahelane Lodge

Caranguejo cozido
Com o aproximar do final do dia, voltámos ao barco. 15 minutos depois pisávamos areia da Lagoa do Bilene. Já com o check-out feito, deixamos a Lagoa do Bilene e rumámos a Maputo, muito contentes com a escolha para a escapadinha.

Mas como não há bela sem senão, a meio caminho, uma pequena pedra saída de uma carga de camião mal acondicionada fez estalar o nosso para-brisas. Nunca pior!

Moçambique é lindo e recebe-nos sempre de braços abertos.



CSD

Comentários

  1. Uau. Este artigo deixou-me num misto de inveja e vontade de um dia visitar os lugares incríveis de Moçambique. Obrigada por esta partilha.

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  2. Como é belo "Moçambique profundo"...
    Mais uma viagem para um dia contares aos teus netos.
    ADRI

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  3. Tenho seguido seus posts. Parabéns, escreve sempre com interesse e as descrições dos ambientes com muito nível. Nota-se que Moçambique está seduzindo...

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