O CONTEMPORÂNEO NO SÉCULO XIX



Palácio da Ajuda em Lisboa
 O Palácio da Ajuda, última residência oficial do Rei D. Carlos e da Rainha D. Maria Pia, abriu as suas portas para mais uma descoberta. Reunidas as convidadas da Associação das Famílias dos Diplomatas Portugueses, foi o ambiente do século XIX invadido para descoberta do contemporâneo.

As 38 peças da exposição da artista Joana de Vasconcelos foram dispostas ao longo das salas do Palácio numa tentativa de fundir o moderno na historia nacional. Acompanhadas pela nossa anfitriã Dra. Isabel Silveira Godinho, directora do Palácio Nacional da Ajuda, fomos a cada passo, descobrindo as peças vanguardistas. Para surpresa de todos, fomos brindados com a presença da artista, que no seu habitual estilo informal nos acompanhou durante alguns momentos, explicando cada pormenor e seu motivo. 

"Destinos Cruzados", inspirada na Guitarra Portuguesa
Cada sala, cada despertar. Cada modelo, cada olhar curioso. Das várias e distintas peças expostas ao longo das salas do Palácio, fixaram-se os nossos olhos nos 11 animais, alguns do bestiário de Bordallo Pinheiro, vestidos de crochet. A "Vespa Gigante" deu o exemplo mostrando-se no quarto de D. Maria Pia, vestida com o seu açoriano crochet azul. A "Tapeçaria Vitrail" abriu as suas cores no quarto do Rei. As duas peças de "A Todo o Vapor", junção de 78 ferros de engomar, apresentaram-se no jardim interior envoltas numa nuvem de vapor. No vestíbulo, entendeu a criadora desta arte expor o carro "War Games", que com as suas espingardas coladas e luzes futuristas, rivalizavam com o coche real obrigando-nos a pensar na evolução dos tempos.     

"Tapeçaria Vitrail"
"A Todo o Vapor"
"Vespa Gigante"
Os sons da surpresa ouviam-se a cada transposição de sala e as grandes peças apresentavam-se-nos sem idade. O par de "Sapatos de Marilyn" curiosa junção de tachos e tampas, brilhavam na sala do Trono. 

" Os Sapatos de Marilyn" 
"Coração Independente Vermelho"
Seguiu-se o "Coração Independente Vermelho", suspenso na Sala de D. João VI. A "Noiva", obra censurada e proibida em Versalhes, pendia do tecto da sala de D. João IV. Mais à frente, na sala dos Embaixadores, o majestoso "Lilicopter", peça concebida para o Palácio de Maria Antonieta em Versalhes, apresentava-se numa explosão rosa de plumas. E finalmente, suspenso na antiga capela do Palácio, a megalómana "Valquiria Royal", peça de tecido que conjuga várias técnicas e cores numa forma muito própria.    

"A Noiva"
"Lilicopter"
"Valquiria Royal"
Uma coisa é certa, esta exposição vai bater recordes e cada visitante fará seguramente a sua análise sobre esta forma criativa. Seja qual for a opinião, ficar indiferente é impossível. 

Aguardemos pois a próxima excentricidade da artista na preparação do nosso Cacilheiro que uma vez mais levará o nome de Portugal além mar, desta feita até à Bienal de Veneza.

CSD

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