QUEREM SABER O FIM DA DANÇA DA ANTENA?

Muitos foram os locais visitados nestes últimos dias do mês de Junho. Muitas as conversas tidas. Antenas algumas, mas não para o meu carro. A Toyota também não a tinha e se a tivesse, era o quadruplo do preço, fora a mão de obra! Questionei-me se as da Toyota seria em ouro!! Para mim bastava uma simples que voltasse a trazer som para dentro do meu carro. 

Farta de "dançar" (sem música) pela cidade das acácias, decidi telefonar ao rapaz electricista da camisola laranja.

"Abibu, o teu amigo ainda tem a antena para o Prado?"

"Tem."

"E quando é que podes montá-la?"

"Qualquer dia."

"Pode ser amanhã?"

"Sim, pode ser."

"Então amanhã por volta das 8h30 estou aí. Ok?"

"Ok."

Tratando de orientar a minha vida em função do combinado, apresentei-me no local já conhecido, lá no fim do beco. Uma série de homens trabalhava cada um no seu oficio. Bate chapas, pintor, electricista ou simples lavador, levantaram a cabeça à entrada do meu carro verde e da minha pessoa. Percebi de imediato que aquela matrícula era pouco vista por aqueles lados.

Abibu, acercou-se-me e disse: "pode ser às 11h?" 

"Às 11h?! Então disseste-me que podia vir agora!"

"Mas surgiu um trabalho...."

"Bom, mas eu não vou ficar 2 horas aqui à espera!"

"Podes ir comprar a antena e ficas já com ela."

"Eu é que vou comprar a antena!? Então não combinámos que a tinhas hoje para montar?"

"Ok, dá-me lá 5 minutos que já vou comprar."

Vendo a minha vida já azeda, aguardei com pouca confiança. Passados uns minutos, que não sei precisar quantos, lá passou por mim o rapaz de camisola laranja. "Vou buscar a antena."

"E vais buscar onde?"

"É ali em baixo. É perto. Volto já."

As distancias aqui, são o que são! Aguardei convencida de que iria "dançar" novamente! Mas até não. O rapaz não demorou muito e lá apareceu com uma geringonça em punho, que só percebi ser a minha antena, pela haste prateada que se mostrava. Atrás dele outro rapaz, desta feita de blusão castanho. Como Abibu tinha trabalho, delegou o seu, no outro amigo. Nada se perde....  

Bom, colocada a viatura em posição foram iniciadas as hostilidades para arrancar a velha e inserir a nova antena. E digo hostilidades pois não foi tarefa simples. A coisa que é sempre fácil na venda, torna-se complicada no acto. A cobertura de protecção da roda mostrou-se teimosa e logo aí o tempo perdeu-se. Pelo buraco possível a velha cedeu o seu lugar, embora não sem esforço. A nova preparava-se para entrar mas estava difícil. A peça da velha antena perdeu-se, as anilhas prateadas não encaixavam, as roscas não apertavam, os cabos já tinham sido cortados, as borrachas não tinham lugar e o meu sistema nervoso começou a tomar conta da minha mente. Mas onde é que me vim meter!!!

"Tenho de entrar para desmontar o rádio."

"Desmontar o rádio!!? Mas para quê?"

"Para cortar o fio lá dentro. Vou lavar as mãos."

Sem saber o que pensar fiquei assustada, muito assustada até! Mas felizmente Abibu apareceu e salvou o meu rádio.

"Não precisa. O cabo é este. Corta lá."

E muitos foram os colegas que também passaram por ali e opinaram. Deduzi eu que eram mais dicas que opiniões, pois changana continua a não ser o meu forte! E eu, farta de ver o que quem estava não via, comecei também a dar as minhas indicações, desta feita em puro português. Há coisas que se manifestam no nosso cérebro mesmo não tendo especialidade. Basta raciocinar! 

"Essa peça não pode ser daí. Onde está a peça oval que tapa este orifício? Não pode ser esta peça redonda! Vê lá na antena velha!"

Como se luz se tivesse feito, o rapaz do blusão castanho foi à sua sacola e a peça oval de borracha apareceu como que por magia. Começava tudo a encaixar melhor, mas pouco! Antena foi metida com esforço, as roscas apertadas à tangente, as ligações foram feitas embora sem perícia, e eis que falta um adaptador!

"Precisa comprar um adaptador para fazer esta ligação. É para o cabo do rádio. É para levar lá para dentro."

Eu é que vou comprar?! Tu é que sabes o que precisas. E onde é?"

É aqui ao lado."

Ok, eu dou-te o dinheiro e tu vais comprar!"  

Mas felizmente, passou outro colega "opinador" que mostrou como a aquisição da peça era desnecessária. A ligação era directa e pronto. Eu, já saturada, nem questionei. Sair dali era imperioso. Duas horas a ver mestres aprendizes a trabalhar, era dose suficiente para uma mulher! 

Pagamento feito, rádio a funcionar, esgueirei-me pelo beco esperando sinceramente que a antena não  cale o rádio nos tempos mais próximos. Não quero voltar a dançar sem música!

CSD

Comentários

  1. POR AQUI TAMBÉM HÀ HISTÓRIAS COMO ESTA!....

    COMO SEMPRE A ESCRITA GENIAL.BJOS E ATÉ BREVE

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  2. Mais uma para guardar até sempre!...
    Beijocas
    MATS

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