(DES)EDUCAR

Hoje não tenho ideias. Há dias assim.
Sentamo-nos para escrever mas o nosso cérebro recusa-se a explanar, a revelar sentimentos, a dizer palavras. Sinto-me vazia de conteúdo.
Pensei num conto, quis opinar sobre um facto, quis dar a conhecer a quem me lê os meus sentimentos mas nada os meus dedos quiseram escrever. As teclas pressionadas não tinham sequência, as imagens mentais não se coordenaram e nada revelei.

Olhando à volta, a criança brincava com os seus bonecos criando as suas histórias. Lá fora a noite já escura ia caindo pintando de negro as acácias, e a TV, empecilho, ia disparando notícias e baboseiras que, apesar de serem conhecidas, conseguem interferir com o nosso subconsciente. É um objecto estranho. Necessitamos dele, absorve-nos e contudo pode ser também inimigo, castrador. As notícias que cospe diariamente hipnotizam-nos, bloqueiam-nos e limam as nossas arestas. Dominam-nos e influenciam-nos. Apagada é inútil. Um mono.  Ligada, é monopolizadora.

E é ela que me desperta.
A notícia é feia e inconcebível. "Aluna foi espancada por colegas e outros, que achando graça, filmaram e divulgaram". 
Mas, o que é isto?
Como é possível alguém achar graça à violência?
Que educação tiveram estes seres humanos ao longo dos seus 14 ou 15 anos?
Em que ambiente familiar cresceram estas almas? No inferno?
Onde estão os pais que construíram estes filhos horrorosos?
Que raparigas são aquelas que utilizam o instinto mais animalesco para se superiorizarem?
Que rapazes são aqueles que encontram adrenalina nas cenas conflituosas?
Como é possível ficar-se indiferente perante uma cena destas?
Como podem assistir a um confronto humano, quando as próprias lutas de animais são condenáveis?
E punições?

Isto devia ser estudado, porque alguma coisa está a corromper SERIAMENTE os valores da sociedade.

Todos os dias eu ensino o meu filho a ser melhor. As regras básicas de civismo e respeito pelo próximo são dadas a cada oportunidade.  E ele compreende, aceita, reconhece.
Mas, será que estou certa?
Será que a educação que absorvi enquanto filha está desactualizada?
Será que educando o meu filho no caminho da verdade e do respeito não o estou a educar mal? Confrontado com os colegas que transpiram agressividade, será que se consegue defender?
Como posso preparar o meu filho para ser bom e mau ao mesmo tempo?

Este caso foi na rua, mas a maioria de que se tem conhecimento acontece dentro das escolas.
E enviando-o para a escola, local que supostamente deveria formar pessoas, estou a agir correctamente?
Afinal, vão formar o meu filho como? Um ser sem caracter, um ser sem moral?
Escrever pouco sabem, pensar é a ferros, desenvolver e explanar é uma dificuldade, afinal o que é que aprendem durante as cinco ou seis horas de escola? A serem uns anárquicos? Uns desumanos?

Afinal, como se deve formar e educar um filho?

Preocupa-me esta juventude.
Preocupa-me este caminho desgovernado que estes jovens insistem em percorrer.
Preocupa-me esta linha torta com que encaram a vida e o futuro.

Não quero que o meu filho faça parte deste núcleo e muito menos que seja vítima dele.

CSD 

Comentários

  1. Séneca tem duas máximas sobre a educação:
    "Tudo o que é enraizado e congénito pode ser atenuado pela educação, mas não vencido."
    "A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida."

    Tentemos pois enraizar princípios e valores nos nossos filhos e nos nossos educandos desde tenra idade.
    “De pequenino se torce o pepino”, só assim serão um dia homens e mulheres dignos de respeito e saberão respeitar os demais. Já Padre António Vieira dizia:

    "A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem valor”.

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  2. "O valor do ser humano não é medido segundo aquilo que tem,e sim segundo aquilo que ele é"."Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor...Lembre-se!... se escolher o mundo ficará sem o amor,mas se escolher o amor,com ele conquistará o mundo!"
    Beijinhos.
    MATS

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  3. Por lapso não indiquei o nome do autor da mensagem:"Albert Einstein"

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  4. Pois é, apesar de tudo o que se tem escrito e pensado sobre a educação, a verdade é que em Portugal ela é muito pouco educativa. E o mais grave é que a culpa é de todos: pais, professores e alunos. E assim,
    um país nunca poderá ser soberano no pensamento.

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