O ALCATRÃO EXPLOSIVO - LÍBIA


A originalidade do disparo.
Em pleno alcatrão, eles avançam e recuam todos os dias. As katiuskas montadas nas pick-up vão disparando tiros desenfreados, mas cujo alvo não se avista. O fumo está lá, bem ao fundo no deserto e é para lá que seguem os disparos consecutivos. A cada som silvado um "urra!" de regozijo.

O acreditar na vitória
Acreditando sempre na libertação, estes homens "curiosos da guerra" tentam a cada hora avançar uns metros.  Este é o dia à dia das forças rebeldes revoltosas, que cansadas do regime autoritário de Kadafi  e seguindo exemplos recentes noutros países, decidiram começar uma ofensiva sem líder.

À espera que a guerra avance.
As imagens percorrem mundo, mas bem diferentes do habitual. Nesta guerra os revoltosos cantam e passeiam-se pelo alcatrão à espera que os outros, os que estão lá na frente, dêem o sinal para se avançar.

Em direcção à guerra
Artilharia pesada
A barricada está colocada lá, como se de uma porta se tratasse. Para lá da estrutura de metal está uma guerra a acontecer. Os revoltosos empunham as suas kalashnikovs com orgulho e gritam palavras de ordem e de incentivo a quem luta. Os fardamentos variam consoante o gosto dos agora nascidos militares. Uns camuflados a rigor, outros de chapéus à cawboy, outros de turbantes e vestes islâmicas, esta guerra tem para todos os gostos. Os óculos de sol ou não, também não faltam nesta claridade desértica.

As vestes da guerra.
Os turbantes e os acessórios de uma guerra.



O espaço que as katiuskas ocupam nas traseiras das pick-up é demasiado para máquinas e homens, por isso os militares acompanham conforme podem esta guerra, completamente expostos a ataques do inimigo. 
O transporte dos guerreiros
Os jornalistas também lá estão, para divulgarem ao mundo esta guerra diferente. À mercê das ordens dos generais, vão testemunhando as directivas contraditórias: ora afastados dez quilómetros do cenário de guerra, ora acompanhando de perto, demasiadamente perto, esta ofensiva rumo a Tripoli. Os disparos revoltosos misturam-se com os da ofensiva de Kadafi e neste emaranhado de tiros e explosões escondem-se por entre ligeiros e pick-ups. O avanço ontem conseguido exige hoje um recuo. Assim se fazem os dias de uma guerra. Continuando sempre o relato jornalístico, fazem da sua profissão uma aventura incerta. 

O ataque surpresa a quem observa uma guerra.
As forças aliadas também lá andam e fazem os seus rides contra as tropas de Kadafi. Nem sempre a coordenação terra-ar é a mais desejada. Por vezes atingem certeiramente as posições das tropas do governo, por vezes erram desastrosamente, contribuindo para o aumento do número de mortos e feridos dos revoltosos. E têm sido muitos os que tombam nestas ofensivas supostamente amigas! Embora necessitem desenfreadamente deste apoio aéreo, os libaneses não os adoram. Os falhanços são sempre da responsabilidade da OTAN, enquanto as vitórias se devem a Deus. As manifestações de regozijo e orações a Alá são frequentes neste deserto fervilhante. 

As orações 
Quem pode, foge. Sem esperança de uma solução iminente, consciente do poder de Kadafi e sabendo das dificuldades das tropas da luta, deixam para trás uma vida de repressão e depressão e rumam à liberdade. 
A fuga de quem acredita num futuro melhor
Apesar dos EUA acharem que esta seria uma ofensiva e não uma guerra, apesar de acharem que duraria dias e nunca meses, o certo é que este confronto está a ser bem mais difícil do que o esperado. As tropas fiéis a Kadafi defendem-no incondicionalmente, têm armamento com fartura e estão muito mais organizados militarmente. E acima de tudo estão dispostos a matar os seus irmãos para defender e perpetuar aquele terror que comanda os destinos da Líbia há 40 anos.

O regozijo de uma guerra.
Ainda há quem acredite numa Líbia pior, sem Kadafi! 

CSD 

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