NGONVO - Capulana

Todas a querem. Todas a têm. Todas a utilizam. 

Este pano de algodão, fibra sintética ou seda, colorido, estampado e multifacetado é presença obrigatória em cada corpo ou sacola moçambicana.

Várias vestes em Capulana
Mas nem sempre foi assim. 
Segundo reza a história, este pano apareceu em terras de África Oriental no século XIX, trazido nas rotas comerciais com a Ásia, pelos Portugueses. Eram tecidos de algodão com timbre asiático, que chegavam ao norte de Moçambique e  se destinavam a quem os podia adquirir. Eram inicialmente vendidos em forma de 4 panos ou lenços que depois de cozidos davam o tamanho ideal para se fazerem lindas peças de roupa. No século XX, o uso da cor da capulana definia o estatuto social. Eram as "Mamanas", símbolo da integridade e do respeito, quem as utilizava.

Mas hoje, não há extracto social que a despreze. E é assim desde 1920. 
Tornou-se a companheira inseparável da mulher moçambicana. De norte a sul, do Rovuma ao Maputo, podemos vê-la sob todas as formas.
Quem pode faz lindos vestidos, fatos de cerimónia, chapéus de gala. Quem tem imaginação faz bonecas, quadros, forra sacolas de verga, faz bolsas estampadas, compõe fios, colares e pulseiras, cria sandálias, forra agendas e livros, num cem número de aplicações. Aos homens também lhes assenta sob a forma de lindos conjuntos de calça e camisa. Hoje, vendem-se em lojas ou na rua num máximo de 4 metros e existem para todas os preços.          

Várias utilizações da Capulana
Mas é a mulher do povo quem mais uso lhe dá.

Vendedora de Lichias
Com o corpo moldado por uma, deixam a casa, também ela enfeitada por cortinas de capulana. Às costas vai o filho embaladinho em mais um pano da tradição. Em changana é “Ntehe” (o marsúpio africano). À cabeça levam o carrego para mais um dia de venda e para aliviar a pressão, a rosca é feita de capulana. A trouxa também vai protegida por mais um pano secular. Chegando ao local da venda, a manta estendida no chão é a capulana e a toalha também. O dinheiro da venda também é guardado nela. Quando o filho vai dormir é nela que se enrola para sonhos calmos. Se os pingos de chuva se tornam uma ameaça, é com ela que cobrem as cabeças e o negócio. Depois, é ela que os seca e limpa. É sempre ela. É seguramente o pano mais versátil de todos os tempos: veste, limpa, embrulha, transporta, embala, adorna, aquece e embeleza.



Ntehe
Muitos foram os institutos, os autores e os fotógrafos que já falaram dela. Muitas são as obras de referência, mas eu, estava em falta. Vivendo e absorvendo Moçambique, também eu tinha de escrever sobre a Ngonvo.      

CSD     

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